Entrar num caixão para recuperar a vida. Deitar o corpo no forro acetinado do ataúde para encarar os céus enquanto se percorre as ruas da pequena localidade galega de Santa Marta de Ribarteme, é para alguns fiéis, de Espanha e não só, a forma mais significativa de retribuir à santa milagreira, a sua cura ou a dos seus, de males intransponíveis. Mas o ato de ser transportado num caixão aberto – o cadaleito – é algo mais profundo: é o reconhecimento da fraqueza humana, é a entrega à fé e aos poderes celestiais, é a elevação do chão e do alcance da morte, para aproximar-se das forças divinas.
