Casa da Música
Fotos:Paulo Pimenta








Para mais tarde recordar
Era noite de lua cheia. Mas Nina Hagen, vestida de enfermeira punk, só apelava aos «bons espíritos». Continua a deitar a língua de fora, num gesto rápido e afiado, tal qual um diabo, mas está obcecada pela «luta contra o mal» e não para de proclamar como «o mundo precisa da nossa solidariedade». Na madrugada de sábado para domingo, esta nascida em Berlim-Leste há 56 anos, lotou a sala Suggia da Casa da Música, abençou os seus fãs com mensagens de amor e esperança, mas deixou-os confusos. Entre alguns acordes de punk-rock e muitos gospel e country, até declarou: «Estou tão contente por ser um ser humano. Podia ser uma vaca ou uma cobra, mas sou um ser humano. Tenho uma hipótese». Faltaram velhos hits como African Reggae e abundaram covers como We Shall Overcome ou When The Saints Go Marching In. Vestida de enfermeira punk, Nina atacou com Personal Jesus, dos Depeche Mode. Mas a sua adesão às altas divindades religiosas não lhe permitiram conservar os seus agudos que a todos nos catapultavam para dimensões menos terrenas.
Mas que importa isso? Nina Esteve cá! E a maioria dos presentes ficou com os seus esgares e gestos registados nas câmaras dos seus telemóveis… para mais tarde recordar.
Cesaltina Pinto/Revista Visão