Passam a vida numa montra. Não a ver quem passa, mas à espera que os vejam. Querem-se mostrar. Querem que se lhes vejam as fardagens, a pose, os tiques. Vestem-se de todas as roupas, de todas as maneiras. Há um que faz pose, à frente de todos. Um chefe de orquestra, de costas para o séquito, sentado em frente aos seguidores. Faz pose e acha que tudo pode. Tens óculos para tudo ver, sem ser visto.
Para ele, é carnaval todos os dias. Em todos nós, há uma criança. Em cada um de nós, há momentos em que nos deixamos rir com a peruca, a fantasi.
Mas as máscaras caem. O carnaval são três dias. E já passamos, há muito, o segundo. É hora de gritar. O gajo vai nu.
Luísa Pinto Jornalista do Jornal Público
Fotos:Paulo Pimenta
Porto, 07 de Fevereiro 2010

