sexta-feira, 1 de abril de 2011
#Fotográfo Convidado do Mês Abril Bruno Rascão#
Esta reportagem foi realizada durante os trabalhos de exumação de quatro guerrilheiros antif-ranquistas, assassinados pela Guardia Civil em 1949, dez anos depois do fim da guerra civil espanhola. Estas exumações decorreram no ano 2009 no cemitério de Bélmez, província de Córdoba, nos dias 4 e 5 de abril, 9, 10 e 11 de maio, e 3 e 4 de outubro.
Esse guerrilheiros eram Manuel López González, de 34 anos; Benito Calero Fuidia, de 24 anos, acusado de ser um contacto da guerrilha; Antonio Vargas Montes, de 29 anos, secretário de Agitação e Propaganda do Comité Regional do Partido Comunista; e Alejandro Escribano Cobos, de 24 anos, militante do PCE, acusado de bandoleirismo.
Quando vim viver para Espanha, no ano 2006, interessei-me pelo tema da Guerra Civil
espanhola, e quis fazer uma reportagem sobre o tema. Não tinha uma ideia clara do que queria fazer, mas a intenção era abordar o tema do ponto de vista da efeméride.
Nessa altura estava em discussão a aprovação da Lei de Memória Histórica e apercebi-me de que a direita e a esquerda espanhola defendiam posições radicalmente opostas sobre a abordagem do tema. Era evidente que as feridas da guerra e da ditadura não estavam ultrapassadas e que havia, e há, duas Espanhas ainda marcadas e divididas por essa história recente: a dos vencedores e a dos vencidos.
Com a leitura, a análise e através de inúmeras entrevistas percebi que os governos democráticos não se podem demitir de condenar e julgar as práticas e atitudes criminosas cometidas pelos seus antecessores. Se um crime não é investigado pela justiça, do ponto de vista legal esse crime não aconteceu.
Creio que qualquer ser humano compreende o que quero dizer se falar do regime nazi. Ninguém imagina que o governo democrático alemão não tivesse condenado, através dos seus tribunais, as práticas cometidas pelo regime de Hitler. E, como é sabido, ainda hoje seguem vigentes mandatos de captura internacionais contra dirigentes das SS.
A sublevação militar fascista de 18 de julho de 1936, contra o governo democrático da II República espanhola, deu origem a uma sangrenta guerra civil que se saldou com centenas de milhares de mortos. O fim da guerra, anunciado pelo general Franco a 1 de abril de 1939, não abriu caminho para a paz, mas sim a um repressão implacável contra os perdedores que se eternizou até à morte do ditador em 1975.
Durante o franquismo a maioria das vítimas do lado vencedor foram exumadas das valas comuns e homenageadas pelo governo golpista. Pelo contrário, estima-se que cerca de 100 mil republicanos assassinados durante a guerra civil e a ditadura continuam esquecidos em valas comuns espalhadas por todo o território espanhol.
Apesar dos crimes cometidos pelo regime de Franco estarem tipificados com “crimes contra a humanidade”, que não prescrevem segundo o Direito Internacional, a justiça espanhola continua a considerar esses delitos como prescritíveis à luz da Lei de Amnistia aprovada em 1977.
Esse guerrilheiros eram Manuel López González, de 34 anos; Benito Calero Fuidia, de 24 anos, acusado de ser um contacto da guerrilha; Antonio Vargas Montes, de 29 anos, secretário de Agitação e Propaganda do Comité Regional do Partido Comunista; e Alejandro Escribano Cobos, de 24 anos, militante do PCE, acusado de bandoleirismo.
Quando vim viver para Espanha, no ano 2006, interessei-me pelo tema da Guerra Civil
espanhola, e quis fazer uma reportagem sobre o tema. Não tinha uma ideia clara do que queria fazer, mas a intenção era abordar o tema do ponto de vista da efeméride.
Nessa altura estava em discussão a aprovação da Lei de Memória Histórica e apercebi-me de que a direita e a esquerda espanhola defendiam posições radicalmente opostas sobre a abordagem do tema. Era evidente que as feridas da guerra e da ditadura não estavam ultrapassadas e que havia, e há, duas Espanhas ainda marcadas e divididas por essa história recente: a dos vencedores e a dos vencidos.
Com a leitura, a análise e através de inúmeras entrevistas percebi que os governos democráticos não se podem demitir de condenar e julgar as práticas e atitudes criminosas cometidas pelos seus antecessores. Se um crime não é investigado pela justiça, do ponto de vista legal esse crime não aconteceu.
Creio que qualquer ser humano compreende o que quero dizer se falar do regime nazi. Ninguém imagina que o governo democrático alemão não tivesse condenado, através dos seus tribunais, as práticas cometidas pelo regime de Hitler. E, como é sabido, ainda hoje seguem vigentes mandatos de captura internacionais contra dirigentes das SS.
A sublevação militar fascista de 18 de julho de 1936, contra o governo democrático da II República espanhola, deu origem a uma sangrenta guerra civil que se saldou com centenas de milhares de mortos. O fim da guerra, anunciado pelo general Franco a 1 de abril de 1939, não abriu caminho para a paz, mas sim a um repressão implacável contra os perdedores que se eternizou até à morte do ditador em 1975.
Durante o franquismo a maioria das vítimas do lado vencedor foram exumadas das valas comuns e homenageadas pelo governo golpista. Pelo contrário, estima-se que cerca de 100 mil republicanos assassinados durante a guerra civil e a ditadura continuam esquecidos em valas comuns espalhadas por todo o território espanhol.
Apesar dos crimes cometidos pelo regime de Franco estarem tipificados com “crimes contra a humanidade”, que não prescrevem segundo o Direito Internacional, a justiça espanhola continua a considerar esses delitos como prescritíveis à luz da Lei de Amnistia aprovada em 1977.