Casa da Música
Porto,14 Dezembro 2010
Fotos:Paulo Pimenta







Jazz em (s)tons de 'Caribe'...
Eram escassas a cadeiras vazias e já passava das dez da noite quando David Murray entrou no palco da Casa da Música. A partir daí, entre o arroxeado e o vermelho das luzes, advinhava-se que algo de muito especial estaria para acontecer. Aos vinte um músicos em palco veio a somar-se a presença da diva cubana Omara Portuondo, logo após um tema que serviu de intróito ao espectáculo. O espectro de Nat King Cole andou por ali, entre o celebrativo e o dançante. Ao ritmo cadenciado da bateria, das congas e do baixo, juntou-se 'o sopro dos metais' e a voz única de alguém que aos 80 anos de idade ainda tem fulgor para içar a voz até ao firmamento. O virtuosismo do músico americano dispensa credenciais, tal foi o exercício notório de domador do 'sax tenor', que se converteu a espaços numa autêntica fera sonora. O convite de Murray à Sinfonieta de Sines mostrou-se uma escolha acertada, as cordas conferiram a necessária suavidade melódica ao todo musical. "Quizas, Quizas, Quizas" na abertura, "Cachito" a meio e "Aqui se habla en amor" já no final e em toada de hino mensageiro, foram das mais aclamadas para um público que se rendeu de pé e por diversas vezes à homenagem a Cole. Um tributo todo ele em espanhol que Omara entrecortou com os agradecimentos lusos sob a forma de "Obrigada", "Obrigadíssima" e na alusão a Amália e a uma "Casa Portuguesa", diríamos com toda a certeza, a Casa da Música.
João Arezas