segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

"Quando conheci a dona Fátima, em Abril de 2017, ela já se vestia de certezas. Queria recuperar a ilha que o pai lhe entregou dias antes de morrer e deixar esse legado aos sobrinhos e sobrinhos-netos, mas, no caminho, ajudar outros a ter uma habitação digna. Ela era proprietária – mas tinha um quotidiano de remendos (embora sem queixas) e, sem apoio financeiro, jamais poderia fazer casa das ruínas trabalhadas pelo tempo no corredor do 172 da Rua de São Victor. Precisava de ajuda e recusava desistir. “Um dia há-de ser dia”, disse-me na altura."
Mariana Pinto Correia
 Fotos:Paulo Pimenta

 Ver o trabalho completo no Jornal Público

 “Às vezes somos apenas pessoas com telhas e quatro paredes” O “cognome” proprietária vem muit
as vezes carregado de preconceitos. Mas um senhorio pode ser pobre ou remediado - e nem sempre tem no lucro o seu destino único. Maria de Fátima vai recuperar a ilha herdada do pai com apoio do 1º Direito e, com ela, promover a habitação a preços justos. Que papel pode ter um senhorio na transformação de uma cidade? Com o 1º Direito, esse dia pode estar agora mais próximo. E ela anda felicíssima com isso. Recusou com firmeza uma proposta milionária para vender a ilha, seguiu fiel aos seus princípios. “Há legados que não são reciclados.” A história da dona Fátima importa – não apenas por ela ser poesia sem saber, mas por ser a recusa da narrativa única e, com isso, ser anti-preconceito. Existem, no Porto, mais pessoas como ela: disponíveis a não ceder à especulação e ter um papel na luta pela habitação. Pode ser pouco, mas é. E tem relevância, se as políticas públicas souberem dar-lhes a mão.
Mariana Pinto Correia
Fotos:Paulo Pimenta
Ver o trabalho completo no Jornal Público
https://www.publico.pt/2020/02/16/local/noticia/vezes-apenas-pessoas-telhas-quatro-paredes-1901338?fbclid=IwAR3JAGVeE_afsV9p3fncM_7X6Bjb_x_WfnbxBSpX7M8AwfJVI0ywHdp8l2M