terça-feira, 14 de janeiro de 2020

# Fotógrafo Convidado do Mês Janeiro : Miguel A. Lopes

Olá sou o Miguel A. Lopes, sou fotojornalista há 12 doze anos na Agência Lusa. Depois de vários tipos de trabalhos ao longo da minha vida, como bancário, instalador de gás, vendedor de alarmes, instrutor de mergulho, a fotografia foi e é a maior paixão de todas. Sou um fotografo que gosta de fotografar acontecimentos noticiosos, os chamados hard news, sinceramente não tenho muita paciência para andar a fotografar histórias durante meses. Ai o trabalho de agência assenta-me que nem uma luva. Pela Lusa tive o privilégio de cobrir vários eventos como todo o percurso da seleção Portuguesa no Euro 2016, sem dúvida um “marco importante na minha carreira”. Na agência apesar de termos uma agenda diária, nunca sabemos o que nos pode aparecer no dia para fotografar, em 2008 e praticamente no inicio da minha carreira de fotojornalista, num dia de verão sem nada de especial a acontecer, fui chamado para ir ver o que se passava num assalto com reféns, depois de 10 horas no local e a apostar naquele especifico lugar, consegui fotografar toda a ação que aconteceu na porta do banco, no famoso assalto ao BES. Em 2017, horas depois de ter começado o incêndio em Pedrógão e com as noticias de vários mortos confirmados, rumei para Pedrógão para encontrar um dos cenários mais devastadores que já encontrei, onde a primeira foto que fiz foi precisamente de um senhor que não tinha conseguido fugir às chamas e tinha morrido na estrada, ali estava guardado por um elemento da GNR, apenas coberto com um pano azul. Em 2019 vou a Moçambique numa viagem relâmpago apenas de ida e volta no mesmo dia para fotografar o trabalho da Cruz Vermelha e nesse dia pude testemunhar, como uma enfermeira que foi no mesmo voo que eu, fez logo 4 partos num hospital da Beira. A notícia tem de ser dada, mesmo que isso incomode muita gente e até choque, como no caso dos incêndios, mas há que retratar os acontecimentos para que não voltem a acontecer. Um dia de agência pode começar numa bandeira içada ao contrário pelo Presidente da República, passar por uma parada militar, um treino de seleção, o presidente a correr com miúdos, um assessor de saias na Assembleia, forcados a serem colhidos por um toiro, um concerto, etc etc, mas isso é o que dá emoção no nosso trabalho.