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A edição desse trabalho faz-me pensar no conto do " Rei vai nu". As vezes estamos tão preocupados com o que queremos que lá fora se veja, que não nos apercebemos do que somos na realidade.
"Era uma vez um rei muito vaidoso e que gostava de andar muito bem arranjado. Um dia vieram ter com ele dois aldrabões que lhe falaram assim: - Majestade, sabemos que gosta de andar sempre muito bem vestido - bem vestido como ninguém; e bem o mereceis! Descobrimos um tecido muito belo e de tal qualidade que os tolos não são capazes de o ver. Com um fato assim Vossa Majestade poderá distinguir as pessoas inteligentes dos tolos, parvos e estúpidos que não servirão para a vossa corte. - Oh! Mas é uma descoberta espantosa! - respondeu o rei. Tragam já esse tecido e façam-me o fato; quero ver as qualidades das pessoas que tenho ao meu serviço. Os dois aldrabões tiraram as medidas e, daí a umas semanas, apresentaram-se ao rei dizendo: - Aqui está o fato de Vossa Majestade. O rei não via nada, mas como não queria passar por parvo, respondeu: - Oh! Como é belo! Então os dois aldrabões fizeram de conta que estavam a vestir o fato, com todos os gestos necessários e exclamações elogiosas: - Ficais tão elegante! Todos vos invejarão! Como ninguém da corte queria passar por tolo, todos diziam que o fato era uma verdadeira maravilha. O rei até parecia um deus! A notícia correu toda a cidade: o rei tinha um fato que só os inteligentes eram capazes de ver. Um dia o rei resolveu sair para se mostrar ao povo. Toda a gente admirava a vestimenta, porque ninguém queria passar por estúpido, até que, a certa altura, uma criança, em toda a sua inocência, gritou: - Olha, olha! O rei vai nu! E foi então que o rei se apercebeu da esparrela em que caiu." (Hans Christian Andersen, O rei vai nu)
Attilio Fiumarella nasceu em Nápoles, em 1978. Desde 2002, vive e trabalha no Porto. Arquiteto de formação, sempre nutriu uma forte paixão pela fotografia. Em 2011, inicia a sua atividade como fotógrafo e, desde então, vem publicando o seu trabalho em diversas revistas e livros dedicados à Arquitetura. Foi aluno do IPF e em 2013, foi convidado pelo Museu do Douro a desenvolver um projeto no âmbito do festival Entre Margens. O seu recente trabalho, "Obras de Misericórdia", foi distinguido com uma menção honrosa no prémio Novos Talentos Fnac. Crescentemente, à fotografia de Arquitetura, alia a investigação de temas da atualidade. Neste âmbito, a fotografia documental, ao mesmo tempo da pesquisa autoral, emergem como meios e lugares privilegiados para explorar e partilhar a sua visão acerca das questões que interpelam o nosso tempo.
www.attiliofiumarella.com