Porto,27 Julho 2011
Fotos:Paulo Pimenta
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CocoRosie - Manual de instruções para enfeitiçar a Casa da Música
Quem não tenha compreendido o facto de o concerto das manas Cassidy se encontrar esgotado há cerca de umas três semanas talvez possa ter tido ontem a oportunidade de percepcionar em toda a sua extensão o instinto febril de quem lotou a Sala Suggia da Casa da Música. A verdadeira explicação foi dada no palco, ao longo de quase 1 hora e 45 minutos, com as CocoRosie a serem saudadas de forma muito efusiva em cada um dos temas. No final percebeu-se o resultado da alquimia musical: misturas de freak folk, electrónica, blues, pop e canto lírico.
No seio de um público onde foi impossível ‘não trair com os olhos o respectivo cônjuge ou acompanhante’, sentia-se o pulsar de uma notória legião de fãs das norte-americanas. Foi com recurso a um loop de imagens de elevada composição estética que as CocoRosie deram o pontapé de saída ao espectáculo: imagens alusivas ao mar e ao voo das borboletas foram-se sequenciando para dar lugar a uma alegoria mágica, tendo quase sempre como cenário bosques encantados com figuras fantasmagóricas (alguém comparou, de forma acertada, a atmosfera à “Vila” de Shyamalan), matizadas numa alternância entre a cor e o preto e branco e com direito a regresso aos motivos marinhos já quase no final.
A acompanhá-las esteve desde o início um exímio teclista, bem como de uma presença feminina nas vocalizações, quase sempre em registo beatbox. Um concerto em crescendo, onde desfilaram mais de vinte temas, que foi cativando o público, daí que a missão de conferir a atribuição dos momentos altos se torne uma tarefa de carácter subjectivo. Ainda assim, pode destacar-se o primeiro momento em que uma pequena harpa entra em cena em “Gallows” e se soma às vozes de timbre metálico e abonecado de Bianca e ao depurado canto lírico de Sierra. Por seu turno, aos primeiros sons de “Lemonade” os aplausos deram o tom de consenso e aprovação por parte do público.
Voltariam para um encore e o público até chegou a ser brindado com uma pirueta de Sierra. A odisseia findava assim ao som de "Beautiful Boyz", desta feita com a exuberante Sierra sentada ao piano e Bianca, a mais tímida, já de frente para o público. Saciados com a atmosfera encantatória que acabava de lhes ser proporcionada pelas irmãs e convidados estava dado o mote para uma nova reivindicação de retorno ao palco, mas desta vez as colunas deram o mote à retirada… ao som dos Dire Straits. Para hoje está prometido um novo concerto de Lux(o)...
João Fernando Arezes