Valença 16 Novembro 2010



- Já estamos atrasados,
diz ele quando ainda faltam duas, três, quatro, cinco horas para o que quer que só vai acontecer se nós estivermos lá (porque, mais do que ver acontecer, eles, os fotojornalistas, fazem acontecer). E então ele vai à frente, as coisas de facto acontecem, e de facto nós chegamos atrasados. Nisso de ir à frente, de chegar sempre antes (demasiado antes, para quem tem de ir com ele), ninguém é o Paulo Pimenta a não ser o próprio Paulo Pimenta. Ele lá sabe: depois vê coisas que mais ninguém vê, e azar o nosso. A partir de agora, essas coisas estão aqui: as coisas que ele faz quando anda a trabalhar antes dos outros, tipo diário do fotojornalista que fotografava de mais. O que é dele é nosso, e também é dos outros: uma vez por mês, outro fotojornalista virá aqui mostrar o que viu na rua. Vamos a isso, Pimenta. Já estamos atrasados.
Inês Nadaís
Jornalista do Jornal Público