












Recordo-me quando pequeno, enquadrado pela janela do carro, registar imagens como que em flashes de memória da sequencia que se desenrolava estrada abaixo. A vida, tão cheia de cenários e enredos, parecia-me como que um filme a ser vivido. E eu, entregue à surpresa de tudo querer ver, dava os primeiros passos nesta obsessão que se tornou de viver o mundo em clicks de imagens. E assim, descobrir, explorar, compreender e recriar esse mesmo mundo, a começar pelo meu.
A máquina, que me indica o caminho, é um instrumento num ritual antes de mais emocional. É uma ato de dar e receber. De ação - reação. Uma terapia pessoal, tendo o mundo como pano de fundo e ponto de partida para uma reflexão inesgotável. Como que uma catarse para os fantasmas que nos povoam e uma celebração das alegrias que nos enchem. Mais do que um atitude justificável num discurso conceptual, é algo sentido que se impõe por si sobre aquilo que se raciocina. É o colidir destas realidades que se cruzam num registo de olhar. Nem sempre corre bem, bem sabemos.
A máquina é igualmente tanto uma defesa como uma arma que me permite aceder o que a olho nu é tanto mais incompreensível. É uma desculpa para lá estar e uma razão para viver. Porque fotografar (o Mundo e os outros) é ver mais além e saber quem sou. Tal como os elementos no visor, é uma tentativa de ordenar as ideias na cabeça e as emoções na alma. E no fim, é mesmo assim tão simples.
Nasci no Porto em 1975 em plena ressaca da revolução, e em meados dos anos 90 aventurei-me por terras do Reino Unido no desejo de cumprir uma formação académica em Fotografia. Volvido no virar do milénio, dedico-me desde então a diversas áreas desde o trabalho corporativo, o institucional, a imprensa, o ensino e o autoral/artístico, desde sempre na fotografia e agora também no vídeo, com a imagem documental como ponto de partida e uma total entrega pessoal como porto de abrigo.
www.jpmarnoto.com