Nasci no Porto em 1967. Cresci no Porto ou, se quiserem, à volta do Porto. Estudei no Porto. Comecei a trabalhar no Porto e por cá fiquei. É claro que sou do Porto!
Porto cidade, Porto clube. Porto sombra, Porto luz. Porto cinzento, Porto cor. Porto sujo, Porto limpo. Porto a ruir, Porto a renascer. Enfim, Porto. Quando o Paulo Pimenta me convidou para participar nesta exposição comecei a pensar que trabalho podia procurar no meu arquivo. Nada! Fui para a rua e mais uma vez percebi que de cada vez que ando pelo Porto (a “ver” e não a correr) há sempre algo de novo. Um pormenor. Uma parede que mudou porque está grafitada ou ruiu. Umas escadas que, apesar de estarem ali há séculos, não me lembro de subir ou descer. A luz que vai modificando os recantos à medida que o sol se põe. As sombras que fazem de um beco sombrio e assustador, o local ideal para pararmos a olhar para o nada. As pessoas anónimas que sobem e descem as ruas e as escadas. Os cheiros nem sempre agradáveis. O Porto de que todos falamos, mas que pouco e muito poucos conhecemos. Enfim, o Porto. Lancei-me uma vez mais pelas ruas, ruelas e escadas. O resultado é este.
Iniciei esta vida quando o jornal Público deu os primeiros passos, o que significa que “nasci” na época de ouro do fotojornalismo em Portugal. Por lá fiquei durante 8 anos. Depois de uma breve passagem pelo grupo que integrava o 24 Horas, a Visão, o Jornal de letras (a primeira experiência de uma agência de fotografia de um grupo editorial) fui convidado, em 2000, para editor do Jornal de Notícias (um jornal do… Porto). Por lá fiquei até 2010, ano em que foi formada a Global Imagens que integra todos os profissionais e trabalha para todos os títulos do grupo. Ali, apesar das funções que exerço, tento nunca deixar de sair à rua para fotografar. Um pormenor, uma história, seja o que for, desde que prenda a minha atenção.
