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Caretos
Trás-os-Montes é uma região situada no nordeste de Portugal que durante séculos foi vista como uma terra remota, agreste e misteriosa. Nas suas aldeias muito antigas perpetuam-se rituais de origem celta que são praticados no solstício de inverno e durante o Carnaval. Estas tradições representam uma mistura curiosa de conceitos primitivos do sagrado com a irreverência própria dos jovens solteiros do sexo masculino. Nas últimas décadas, estas práticas transformaram-se com a participação das raparigas e dos adultos, solteiros e casados, abrindo caminho a novos significados para estas manifestações populares. São costumes que sobreviveram ao longo período de cristianização dos rituais de fertilidade das antigas culturas europeias e à modernização da sociedade portuguesa iniciada após a revolução industrial e que foi reforçada com a adesão à União Europeia. Os protagonistas das festividades, os caretos, usam diferentes fatos para ocultar a sua identidade. Uns feitos com lãs garridas, outros com palha ou folhas e, mais recentemente, também surgem trajes importados característicos de outras festividades de origem pagã ou do cinema de terror e que os seus utilizadores entendem enquadrar-se no espírito destas festividades transmontanas. Impressionam algumas máscaras, sobretudo as de madeira com as línguas a denunciar agressividade e uma livre rebeldia. Os caretos recolhem fundos para a igreja paroquial enquanto entretêm os habitantes da aldeia e forasteiros, correndo nas ruas, berrando e saltando num frenesim desenfreado. Assustam as pessoas, trepam aos muros e metem-se com os espectadores que podem ser disciplinados com a ajuda de um pau. No final desaparecem com a rapidez com que apareceram e os chocalhos dos seus trajes ecoam no território como
