domingo, 6 de abril de 2014
# Fotógrafo Convidado do Mês de Abril : Paulo Cunha Martins #
Sempre achei o número
12 um número redondo, tal como são para mim os processos de aprendizagem. No
final de um ciclo de aprendizagem, o episódio revela-se circular, apesar de nos
iludirmos, pensando que vamos na direção de um lugar onde nunca estivemos
antes. Este é um delírio útil ao processo criativo, faz parte de uma projeção.
No retorno ao inicio do círculo, somos a mesma pessoa e sentimo-nos mais claros
mas nunca deixamos de ser nós próprios, embora declinados por uma qualquer
projeção delirante. A fotografia acompanhou-me ao longo destes percursos de
vida, e ela como testemunho, transformou-se na medida do ímpeto do meu desejo.
Sinto que consigo andar nestes carroceis porque não vejo exposições de
fotografia, não tenho muitos amigos fotógrafos, não faço parte disso. Tenho a
certeza de que se o fizesse, me sentiria refém de uma comparação, de uma
correspondência. A problemática da minha relação reside nesta dualidade onde os
lados iguais que se anulam. Talvez por isso continue a caminhar nestes
círculos, nunca satisfeito e sempre em desafio. Estou sozinho e isso não me faz
sentir mal. Assim a minha falta de coerência não chateia ninguém.
Paulo Cunha Martins