Depois, há aquele telefonema em que, do outro lado, o interlocutor nos pergunta: “Quer passar o mês inteiro a fotografar os locais mais emblemáticos do país?”. Assim? Um mês inteiro só para mim? O meu carro e o prazer de conduzir? A minha máquina e a paixão por disparar em todas as direções? “Quando começo?”.
Há trabalhos e trabalhos. Depois de fazer fotografias de lugares mágicos e inspiradores (o Porto, sempre, o Gerês não turístico, as pessoas na sombra alentejana, os caminhos de perdição por Trás-os-Montes), eu só penso como a vida me sorri, me permite dizer que o meu trabalho, hoje, é fotografar os lugares mais bonitos de Portugal. À minha maneira. Um momento para pôr na pausa as semanas loucas e ganhar balanço para o que aí vem. O mundo está lá fora à minha espera, mas é em casa que o ar é mais puro e que a locomotiva encontra os trilhos.
O país das maravilhas está aqui, ao virar da esquina, na lente da máquina, no horizonte do meu olhar. E é de uma beleza maior que os bancos, os ministros, maior que as minhas pernas, pesadas de tanto caminhar, maior que as noites quentes da planície alentejana.
Há trabalhos e trabalhos e este é daqueles que nunca há de acabar.