terça-feira, 12 de junho de 2012

Primavera com chuviscos, Primavera com sol, Primavera à chuva, Primavera dentro de portas. Em quatro dias, houve Primavera para todos os gostos e, em quatro dias, naquele festival, o mundo pareceu pequeno. As estatísticas equilibram a diferença entre portugueses e estrangeiros (50/50), mas os nossos ouvidos (permeáveis à diferença?) escutavam sempre mais espanhol, inglês, alemão, italiano, francês, sueco. Quarenta nacionalidades, dizem os números. Um mundo no Parque da Cidade e no Porto inteiro.
Houve falhas, claro, no primeiro Optimus Primavera Sound. O atraso na reparação do palco, que ditou o cancelamento do concerto de Death Cab For Cutie, a astronómica fila que se formou no penúltimo dia para conseguir a entrada nos concertos de lotação limitada na Casa da Música e Hard Club, mais opções na restauração. Para o ano será melhor, e terá café, diz a organização, e não temos razão para não acreditar. "Foi a primeira edição para todos." E que bom que é ver este festival nascer e crescer. Rivalizará com o de Barcelona? O futuro dirá.
Até viver na Baixa foi diferente. Por estar na única mesa com portugueses num almoço no Café Santiago, por entrar na farmácia da Rua da Conceição e ouvir uma polifonia de "portunhol" e "portunglês", por me verem com a pulseira do festival e, automaticamente, arriscarem um "hello" em vez de um "olá". Numa altura em que somos vítimas de uma desenfreada campanha de marketing em torno do dito desporto-rei, talvez fosse altura de desviar os olhos das quatro linhas e perceber o que pode potenciar o país, a cidade, o português. Estivemos no primeiro Primavera — já nada vai ser como dantes e para o ano há mais.
Amanda Ribeiro
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